Lábios de Luar
Na boca escura da rua
Olho os lábios da lua
Suas saliências e covas
Ela anda gorda e redonda
Brilha faceira suas bochechas
Atomiza corações românticos
Mesmo com tantos buracos e cicatrizes
Ou serão apenas algumas varizes
Quantas falácias dela são inspiradoras...
Gozos eternos de insaciáveis falos
Num tal de ir e vir em pêndulos
No matar e morrer do sexo
Na esfrega – esfrega das barrigas
No frigir frenético dos umbigos
Coxas, bocas loucas e sôfregas
Os sábios de amor sabem desse canto
E o entoam em enredos de palcos gloriosos
No suicídio santo de dois corpos em coito
Ali na curva, na origem do mundo
No subsolo mais profundo e fundo
Passeia em minha medula doída
O grito cósmico dos astros em antros
Na raiz da minha própria vida sofrida
E é nela que sonho e alimento momentos
Nesses espasmos plenos e roucos
Que quer entrar por tuas veredas estreitas
Mergulhando lá meu nervoso nervo insatisfeito
Nesse cenário de lábios delirantes eu ouso dizer:
Vem! Meu amor! Mata este louco desejo
Porque é só você e com você que me completo!
Hildebrando Menezes