Lábios de Luar

Na boca escura da rua

Olho os lábios da lua

Suas saliências e covas

Ela anda gorda e redonda

Brilha faceira suas bochechas

Atomiza corações românticos

Mesmo com tantos buracos e cicatrizes

Ou serão apenas algumas varizes

Quantas falácias dela são inspiradoras...

Gozos eternos de insaciáveis falos

Num tal de ir e vir em pêndulos

No matar e morrer do sexo

Na esfrega – esfrega das barrigas

No frigir frenético dos umbigos

Coxas, bocas loucas e sôfregas

Os sábios de amor sabem desse canto

E o entoam em enredos de palcos gloriosos

No suicídio santo de dois corpos em coito

Ali na curva, na origem do mundo

No subsolo mais profundo e fundo

Passeia em minha medula doída

O grito cósmico dos astros em antros

Na raiz da minha própria vida sofrida

E é nela que sonho e alimento momentos

Nesses espasmos plenos e roucos

Que quer entrar por tuas veredas estreitas

Mergulhando lá meu nervoso nervo insatisfeito

Nesse cenário de lábios delirantes eu ouso dizer:

Vem! Meu amor! Mata este louco desejo

Porque é só você e com você que me completo!

Hildebrando Menezes

Navegando Amor
Enviado por Navegando Amor em 20/11/2008
Reeditado em 20/11/2008
Código do texto: T1294511