Apólogo Aurora
Luz, luz que invade a minha janela
Bem que me torna tão realizado
Manifesta o meu dia, me ilumina
Chega, te aconchega tão bela
Em meus braços, olhar delicado
Veludo que as mãos tocam
Tua tão bela pele, macia
Sem explicação, sem nexo
O amor não tem sentido
Simplesmente o complexo
De um olhar já evadido
Com a timidez da inocência
Flora a felicidade espantosa
Para saber o que é amor
Se nunca o tiver conhecido
Ou se nunca o tiver sentido
A vida resta só o puro ardor
Do crepúsculo à aurora
Tua frangância é dilacerada
Sinto-me afundado no martírio
Da água eivada, ó antídoto!
Que penetra como um soneto
Em meu calejado ouvido.
Minha própria veemência
Desapareceu na neblina
Já quase é coincidência
Aposto pela concretividade
D'amor que me fascina...
Encontro-me nesse apólogo
Como um impreciso tiro
Penetrei no rastro dela
Com o meu abismado suspiro
Procurando a própria dialética
Procurando minha lógica
Tento estar afortunado
Pois a falta das palavras
Me deixa embasbacado.