Atemporal
Movimento I
Olho-te
como se fosse
para sempre
a primeira vez
(perplexidades...)
e a cada poro ou respiração
tua
a descoberta
que me refaz inteira,
despedaçada da vida
em cada movimento
nosso
de fricção.
Chorus
suor de pele
roçando faíscas
enseadas perdidas
insensatas e acendidas
rastro de odor vermelho
em suspensão...
Movimento II
Sinto-te
como se fosse
para sempre
a última vez
e a cada taça derramada
transbordante de nós
une a eternidade no instante
que sangramos juntos
quando o infinito se faz
entre corpos
de almas
sob vertigem de nó.
Chorus
sonhos de desejo
ancestral de fome
scintilla primeva
soma de nossos arcanos
em misterium coniunctionis
sem tempo
Movimento III
Transbordo-te
como se fosse o passado
para sempre
em ondas constelares
morte perfumada em cada gozo
a ser revivido logo
vigor de termos sido
amados
num lapso de tempo
dobra incontida
que retorna
torna
e nos faz
eternamente.
Elipses noturnas.
(o tempo é o que fazemos a cada suspiro de nós)