Atemporal

Movimento I

Olho-te

como se fosse

para sempre

a primeira vez

(perplexidades...)

e a cada poro ou respiração

tua

a descoberta

que me refaz inteira,

despedaçada da vida

em cada movimento

nosso

de fricção.

Chorus

suor de pele

roçando faíscas

enseadas perdidas

insensatas e acendidas

rastro de odor vermelho

em suspensão...

Movimento II

Sinto-te

como se fosse

para sempre

a última vez

e a cada taça derramada

transbordante de nós

une a eternidade no instante

que sangramos juntos

quando o infinito se faz

entre corpos

de almas

sob vertigem de nó.

Chorus

sonhos de desejo

ancestral de fome

scintilla primeva

soma de nossos arcanos

em misterium coniunctionis

sem tempo

Movimento III

Transbordo-te

como se fosse o passado

para sempre

em ondas constelares

morte perfumada em cada gozo

a ser revivido logo

vigor de termos sido

amados

num lapso de tempo

dobra incontida

que retorna

torna

e nos faz

eternamente.

Elipses noturnas.

(o tempo é o que fazemos a cada suspiro de nós)

Ana Paula Perissé
Enviado por Ana Paula Perissé em 19/11/2008
Código do texto: T1292494
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.