Quase nada dorida

De vez em quando você

retorna a mim, em forma de

pensamento, como hoje.

E essa lembrança, hoje

pouco ou quase nada

dorida, me faz pensar

no tempo jogado fora

como papel amassado

em lata de lixo.

Papel escrito, mas sem

importância que o próprio

tempo se encarregou de

amassar, destruir.

A sensação que fica

em mim é a da

inutilidade de tantas

emoções desperdiçadas.

E me lembro do Chico

na canção que diz:

“Chego a mudar de calçada,

quando aparece uma flor

e dou risada do grande amor”.

E tenho, realmente, mudado de

calçada com medo dos

espinhos da rosa, do grande amor

que sempre penso estar

descobrindo e descobrir, uma

vez mais, que foi apenas

uma ironia, uma tragédia

encenada no palco da

minha alma, tantas vezes

ferida e agora, já medicada,

temerosa de conjugar

novamente o verbo amar,

seja em que tempo for.

Rita Venâncio
Enviado por Rita Venâncio em 19/11/2008
Código do texto: T1292132
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