Rapto

Nos braços da madrugada

Fingi ser preferida

Cantei no palco iluminado

Atuei no meio do tablado

Fui vaiada e aplaudida

Alguns me chamaram querida

Outros uns trocados jogaram

Juntei migalhas de afeto

Fiz disso minha escada

Subi pra mais uma noite

Brilhar no meio do nada

Tirei a roupa por vontade

Quebrei o silêncio por querer

Beijei quem veio me ver

Incendiei a platéia

Com meus gestos distorcidos

Dancei a música do silêncio

Engoli o veneno dos imortais

Senti o sangue ferver

O suor do rosto me afogar

Guardei dentro de mim

Um olhar que recebi

Toda noite viciada

Voltava a me exibir

Até que um dia

Bandido e sem escrúpulo

Surgiu e me levou

Esse amor que não pedi

Essa vontade quase louca

De me entregar somente a ti

De morre na tua boca.

Ana Maria de Moraes Carvalho
Enviado por Ana Maria de Moraes Carvalho em 19/11/2008
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