Rapto
Nos braços da madrugada
Fingi ser preferida
Cantei no palco iluminado
Atuei no meio do tablado
Fui vaiada e aplaudida
Alguns me chamaram querida
Outros uns trocados jogaram
Juntei migalhas de afeto
Fiz disso minha escada
Subi pra mais uma noite
Brilhar no meio do nada
Tirei a roupa por vontade
Quebrei o silêncio por querer
Beijei quem veio me ver
Incendiei a platéia
Com meus gestos distorcidos
Dancei a música do silêncio
Engoli o veneno dos imortais
Senti o sangue ferver
O suor do rosto me afogar
Guardei dentro de mim
Um olhar que recebi
Toda noite viciada
Voltava a me exibir
Até que um dia
Bandido e sem escrúpulo
Surgiu e me levou
Esse amor que não pedi
Essa vontade quase louca
De me entregar somente a ti
De morre na tua boca.