A cara do amor
Há quem fique feliz com canto dos pássaros
porque a canção remexe no silêncio aturdido,
sufocando os gritos abafados de seus passos,
mas há quem canta em sintonia, ajuntando
tons risonhos à alma carente de emoções,
fazendo vibrar até os mares numa ciranda
contagiante, que infantiliza os corações,
parindo flores no limo inerte da jornada!
Apenas amor inventa luz no poço de trevas,
desmanchando nuvens de pedra cinzentas,
apressando quimeras inesperadas de tantas
renascenças a crescerem em meio às relvas
frescas, feito botão desabrochando em flor!
Quando chegar a lua cheia de conversas,
minar esperança espontânea no teu peito,
fazendo-te sentir como pluma às avessas
capaz de viajar além do além firmamento,
tua alma vulnerável abrirá as asas ao amor
que então ofertarás a quem quer que seja,
num ato tão natural, que o agradecimento
não virá, pois amor não há para que se veja,
não carece enfeites nem que se agradeça,
é plumagem que perfuma até pensamento,
feito sopro de vida, vem sem que se peça!
Portas abertas ao amor trarão mais amor,
e mais frestas expandirão o rumo de calor;
a tal ponto se alargarão os céus de tu’alma,
que sorrirá ela nas gotas de sol em chama,
contagiando de amor o galopante universo,
onde a paz choverá uma ternura tão imensa,
que ao leres meiguice no rosto da rosa pura,
ou ouvires marolas doces do sereno caindo,
não precisarás mais sonhar pois viver é tudo,
saberás que o AMOR tem a tua própria cara!
Santos-SP-27/03/2006