OS AMORES QUE JÁ FUI
Eu já fui amor ventríloquo, falando às escondidas na boca do disfarce;
Fui amor miragem, nascido já sepultado pelo impossível;
Eu já fui amor temível, quando a razão sucumbiu à sede do enlace;
Também fui amor impasse, quando nem ousei torná-lo factível!
Eu já fui amor criança, vestindo a ilógica com túnica de fantasia;
Fui amor agonia, quando a noite mal deixava o sol nascer;
Fui amor entardecer, quando contava estrelas ao findar do dia;
Eu cheguei a ser amor tirania, quando fiz por onde ele morrer!
Eu já fui amor carnal, quando até o espírito se mantinha pecador;
Fui amor predador, quando só os corações matavam minha avidez;
Eu já fui amor insensatez, quando a inconsequência me subjugou;
Fui também amor transgressor, quando violei minhas próprias leis!
Eu já fui amor vadio, quando amava o relento e ignorava o abrigo;
Eu já fui amor bandido, quando o bem querer não trajava lealdade;
Fui amores sem verdade, quando amei somente concordar comigo;
Hoje sou amor amigo, porque te amo e assim será por toda eternidade!