OS AMORES QUE JÁ FUI

Eu já fui amor ventríloquo, falando às escondidas na boca do disfarce;

Fui amor miragem, nascido já sepultado pelo impossível;

Eu já fui amor temível, quando a razão sucumbiu à sede do enlace;

Também fui amor impasse, quando nem ousei torná-lo factível!

Eu já fui amor criança, vestindo a ilógica com túnica de fantasia;

Fui amor agonia, quando a noite mal deixava o sol nascer;

Fui amor entardecer, quando contava estrelas ao findar do dia;

Eu cheguei a ser amor tirania, quando fiz por onde ele morrer!

Eu já fui amor carnal, quando até o espírito se mantinha pecador;

Fui amor predador, quando só os corações matavam minha avidez;

Eu já fui amor insensatez, quando a inconsequência me subjugou;

Fui também amor transgressor, quando violei minhas próprias leis!

Eu já fui amor vadio, quando amava o relento e ignorava o abrigo;

Eu já fui amor bandido, quando o bem querer não trajava lealdade;

Fui amores sem verdade, quando amei somente concordar comigo;

Hoje sou amor amigo, porque te amo e assim será por toda eternidade!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 18/11/2008
Reeditado em 23/12/2008
Código do texto: T1290448
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