SAL DA MINHA VIDA
Como entender os caminhos do amor, entre as rosas, desabrocha dor;
Entre espinhos, alcança a plenitude. Quem o renega, a si mesmo ilude;
Quem o procura, encontra dissabor; Acha doença, almejando cura;
E padece lacrimosamente, entre sorrisos de surpreendente loucura.
Como entender os seus princípios; caminha feliz á beira de precipícios
Derrotado festeja, como sê vitória; Como humilde servo vê sua glória;
Não compete se há risco de vencer; e atribui orgulho a quem perder;
Impressiona no olhar arisco; Transpõe temporais como se fossem chuvisco;
Quem pode entender a sua lira; Sem nada falar ou fazer, á todos inspira;
O coração incontrolavelmente dispara; Qualquer beleza parece rara;
Qualquer palavra se torna encantadora; Olha para o passado com saudade,
E parcialmente fora da realidade, pensa que a vida é bela e promissora.
Quem há de julgar o apaixonado; quem há de intervir em sua intenção;
O amor desconhece o não; as negativas só o deixam mais fortificado;
Seus limiares não têm limites; nada satisfaz a imensidão de seus apetites;
Não vê seus próprios deslizes; navega à deriva de ilusórias diretrizes.
Entretanto quem há de condenar os amantes. Se são eles, seres invejados;
Todos querem estar acorrentados, extrapolar razões em atos delirantes;
Retalhar as refinações contidas e bradar a mil complicações descomedidas;
Se assim puderem saborear este fruto, de engenho livre e impoluto,
Sal de nossas vidas!!!