A palavra trêmula
A palavra trêmula no céu da boca
repete teu nome à meia-voz.
É quando a saudade bate à porta
pedindo refúgio no peito,
revirando as cinzas ainda quentes
da paixão que se perdeu.
A tarde que cai leva meu
pensamento aos caminhos dispersos
de teus passos, aos momentos de um
passado quase recente em mim.
Tu não estás mais na minha
vida, mas o verso do poema
que aqui repousa insiste
e resiste em uma referência
constante de ti.
É como se, de repente,
no fio tênue do tempo que
escorre pelos dedos, a ampulheta
refreasse o segundo que
penso em ti.
Mas o tempo não cessa seu trajeto,
apenas ilude a memória no vão
da saudade que tento
enganar, fingindo que não existe.
Somente a palavra trêmula
em minha boca repete
insana que tu ainda
em mim persiste.