A palavra trêmula

A palavra trêmula no céu da boca

repete teu nome à meia-voz.

É quando a saudade bate à porta

pedindo refúgio no peito,

revirando as cinzas ainda quentes

da paixão que se perdeu.

A tarde que cai leva meu

pensamento aos caminhos dispersos

de teus passos, aos momentos de um

passado quase recente em mim.

Tu não estás mais na minha

vida, mas o verso do poema

que aqui repousa insiste

e resiste em uma referência

constante de ti.

É como se, de repente,

no fio tênue do tempo que

escorre pelos dedos, a ampulheta

refreasse o segundo que

penso em ti.

Mas o tempo não cessa seu trajeto,

apenas ilude a memória no vão

da saudade que tento

enganar, fingindo que não existe.

Somente a palavra trêmula

em minha boca repete

insana que tu ainda

em mim persiste.

Rita Venâncio
Enviado por Rita Venâncio em 15/11/2008
Reeditado em 28/11/2008
Código do texto: T1285412
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