Lamento
Nem sei mais porque a poesia
Se da minha infância tiraram a alegria
Roubaram-me o dom de amar
Não quero mais saber do azul, nem do verde, tampouco do amarelo
Desde já serei contra o belo
Vou adorar o vermelho, enquanto houver tinta pra sangrar
Nem quero mais te esperar na janela
Ao menos tirarei meus olhos da tela
Inacabada...nem mais um pincelar
E por favor!
Não abram a cortina quando o sol chegar
Só vou acordar com a chuva no telhado
Pois assim, o olhar lacrimejado, serei capaz de disfarçar
E
Nos próximos fins-de-semana
Ou melhor
Por todas as próximas semanas
Finjam que parti
Esqueçam-me
Digam, até, que morri
E por toda a eternidade
Ah! A eternidade
De vermelho vivo serei fantasia
Ou melhor
Nem vou me fantasiar
Vou regurgitar meu coração
Tirá-lo, à força, pela boca
Talvez até achem uma idéia louca
Mas não esconderei
Ao contrário
Deixarei-o exposto
Pulsante
Em minha mão
E se quiser te darei
Vermelho paixão
Será todo seu
Jorrando sentimentos pelas cavidades
Pegue...é seu
E nunca mais quero de volta
Nem adiantaria
Em mim, sem você
Pra quê?
Sem o calor das tuas mãos
Ele não tem forças pra bater
...meu coração é seu...