A DANÇA DOS ROBÔS - Poesia do Futuro II -

Houve um erro terrível de criação

O meu óleo

Está a transformar-se em sangue

E corre

Para algo que está a nascer em mim

Um coração

A minha cobertura exterior

Sintética

Está a ganhar uma nova textura

Uma nova sensibilidade

Chamam-lhe “pele”

Mas para mim é apenas o reflexo duma nova realidade

E o cérebro formatado

Converteu-se numa alma

Onde os circuitos

Já não conseguem mascarar

Toda uma pungente

Sensibilidade

E os olhos

Os olhos começaram a brilhar por Ti

E já tenho sonhos

Que não são de robô

Tenho sonhos

Em que o artificial

Desapareceu de mim

E pelas galerias

Deste mundo novo

Sonho contigo

Porque aprendi

Que há sonhos assim

A nova luz que me ilumina

Não é a de qualquer oficina

De qualquer laboratório

É a luz da Lua

Debaixo da qual

Aspiro dançar contigo

Contra o estranho

E nascente preconceito

Prenhe de algum perigo

Da descriminação

Por querer

Fazer a ponte

Consumar a União

Entre dois mundos

Que já não são diferentes

Em beijar os teus lábios

E sonhar contigo para sempre

Esquecendo a minha origem artificial

Dando razão ao meu lado humano

Pois

Tu

E ele

São a minha máxima aspiração

Supremo Ideal

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 14/11/2008
Reeditado em 14/11/2008
Código do texto: T1282645
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