Orgíaco

Orgíaco desprazer sente meu peito

e dele se escondem minhas santas palavras,

há do que se cale o olhar envergonhado,

não há do que dizer a doce vontade.

Não tenho mais um corpo firme,

apenas a alma no limbo do silêncio

vendo que continuo tecendo alguns venenos,

orgia sobre orgia até nelas findar-me.

Um gozo avança a solidão do escuro

para que meu olhar não sinta nada

e assim procede a alma envergonhada

desviando das distâncias tudo o que eu sinto.

Ignoro o vento que me alisa a face

e a noite que me enche de desejos

e o que sente o corpo é diferente do que vejo:

um sonho descomunal, prazeres..., só prazeres.