Sobre as rosas
I
O que queres não posso dar...
Aquilo que sempre almejei
Sonhos que jamais compartilhei
E sem responsabilidade alguma
Me pus fingir não te perceber
Encarei-te ao avesso; Acreditei
Realmente ter odiado o teu ser
II
Mas o que queres não posso entregar...
Nem desembaraçar minhas palavras
Confusas, sujas e até mentirosas
E sobretudo ponho-me a desculpar-me
Sobre as rosas...quem sabe?
Mas não agora...talvez em outro continente
Noutro século...noutros tempos
III
E o que queres? Não posso...
Mendigo o ouvir de tua voz
Pois me remete às lembranças do mar
Imenso, onde nos banhamos ao luar
Recolhemos-nos ao calor do outro
Envolvemos-nos em beijos estranhos
(de areia) No porto os pés se testemunharam
IV
Mas se tu queres eu não posso!
Entregar-me ao nosso passado
Já não és meu vento, já não és meu mar
Porém pesa-me sobre as rosas
Teu rosto, meus planos, noites insones
Sobre as rosas...A dor me repele!
Me impede das histórias nossas...
V
Posso? Não posso...Deixa!
....A carta que fiquei por escrever
A vida que fiquei por viver
Longe de ti não posso sonhar
Acredite! Sobre as rosas eu não podia...
As amarras do pecado...As sobras do teu passo
As sombras dos teus traços!
VI
O que queres não posso dar
Não foi mentira, mas também não foi verdade
As rosas! Despetaladas flores...
Vermelhas, brancas, cheirosas, molhadas
Embalei-as no mar; que chorou
Soltei-as ao vento; que voou...Matou-me!
E junto a mim soterrou nosso amor.
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