Não esqueças a minha ternura
como poeira
chita esgarçada
no fulgor de teus dias

se bem eu seja
uma figura etérea
que vive
atrás de uma incógnita janela,

não colecciones as minhas lágrimas
no bolso da tua camisa
nada farão crescer senão a angústia
no lugar da paixão
que
dos nossos corações se eleva
em comunhão
na ideia
no carinho
na palavra alada
distante
que nos dá a ilusão de acordarmos
com a mesma aurora
de olharmos o mesmo sol,
eu dentro de mim prisioneira
e tu vogando ao sabor do que te convier
te for talvez possível.

Onde os poemas imbuídos
de doçura
que me cantavas
onde apaixonadamente me enlevavas
no sopro da tua procura?

Não me deixes afogada no silêncio
no humilde silêncio de ser
a poeta triste que não mais
do que a tua fugaz atenção
necessita!