AMOR DOENTE

Quero que voce me iluda, sem a mínima piedade da inverdade;

Ser estilhaçado pelo bem de tua maldade, doar a teu veneno meus logradouros;

Sobrevoar os estouros que lançam teus raciocínios pelos ares;

Se tu me aprisionares, serei o mais livre dos sábios loucos!

Aceito teu deserto arborizando meu interior;

E ser senhor completamente subserviente;

Dá-me teu atentar até indiferente, cala minha paz com teu furor;

Faz o que for, desde que em mim te faças presente!

Julga-me e condena o auge dessa minha inocência;

Esmaga com clemência meus frutos que te amam desde a raíz;

Deforma minha cerviz, até que lembre tua aparência;

Premia minha demência, sendo-me doença e cicatriz!

Espanca minha índole e atropela meus projetos;

Sejam meus sonhos dejetos, se algum deles ousar não te almejar;

Asas nada valem pra quem não pode voar, quadros são inúteis se não forem belos;

Pra quê então saudáveis anelos, se eu não puder te amar?

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 12/11/2008
Código do texto: T1279821
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