SONETO DAS LÁGRIMAS
Pisando esse molhado chão noturno de saudade e solidão;
A irresoluta decisão conclui que já nem sabe o que fazer;
Se ama o bem querer, a ponto de sonhar reverter seu não;
Ou se odeia essa paixão, que sem aquele alguém não lhe permite viver!
Sobrevivendo aos naufrágios que deixaram ondas errantes;
Lembranças fulminantes não permitem a chegada do futuro;
Amor que já foi dia vira sol escuro, quando o amanhã morre no antes;
Destinos massacrantes, sepultando castelos em seu próprio monturo!
E as cenas de um filme já vivido se tornam retalhos venerados;
Castigando a alma com passados, quebrando os ossos com dias impossíveis de voltar;
A lógica querendo se equivocar, para curar os planos fraturados;
Num quadro de sonhos frustrados, que o pesadelo vive a pintar!
E assim cai novamente em pleno horizonte, mais um anoitecer;
A vida segue sem acontecer, as cores permanecem pálidas;
Todas as forças insistem inválidas e a morte diz querer viver;
Quando o amor não consegue vencer, desertos são rios e oceanos são lágrimas!