SONETO DAS LÁGRIMAS

Pisando esse molhado chão noturno de saudade e solidão;

A irresoluta decisão conclui que já nem sabe o que fazer;

Se ama o bem querer, a ponto de sonhar reverter seu não;

Ou se odeia essa paixão, que sem aquele alguém não lhe permite viver!

Sobrevivendo aos naufrágios que deixaram ondas errantes;

Lembranças fulminantes não permitem a chegada do futuro;

Amor que já foi dia vira sol escuro, quando o amanhã morre no antes;

Destinos massacrantes, sepultando castelos em seu próprio monturo!

E as cenas de um filme já vivido se tornam retalhos venerados;

Castigando a alma com passados, quebrando os ossos com dias impossíveis de voltar;

A lógica querendo se equivocar, para curar os planos fraturados;

Num quadro de sonhos frustrados, que o pesadelo vive a pintar!

E assim cai novamente em pleno horizonte, mais um anoitecer;

A vida segue sem acontecer, as cores permanecem pálidas;

Todas as forças insistem inválidas e a morte diz querer viver;

Quando o amor não consegue vencer, desertos são rios e oceanos são lágrimas!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 12/11/2008
Código do texto: T1279787
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