Mambembe

Daqui vejo a lua

Daqui vejo nós dois na rua

Braços dados

Outrora afáveis

Bocas extraordinariamente nuas

Alegrias bem passadas

Corações estáveis

Mentes cruas

Cruzamentos,

Mesmas estradas

(mas)

Tudo passou tão rente

Tão perto do infinito

Porem acabou de repente

Belos momentos

Estórias encantadas

O que é feio que já foi bonito

O que é nunca que já foi pra sempre

Nossas entradas que agora

Estão esgotadas

Nossa casa que agora é de palito

Nosso teatro que agora é de mambembe

E daqui da rua

Somos rascunhos perdidos numa calçada

Sou Charles Chaplin, Carlitos

Que agora conta apenas com a lua

E escreve de próprio punho

O que a vida há de trazer

Nessa caminhada

Vidas que agora realmente são duas

Trajetórias desconhecidas

Rotas aleatórias

Noites que agora não são mais nuas

Pensamentos de novas estórias

Sereias que voltam pro mar

Sentimentos que pedem que se substitua

A ordem das coisas

O critério inexplicável

Pra se amar

E esse vazio

Esse vazio

Que eu vejo pela rua

A me torturar.

Mathias Moreno
Enviado por Mathias Moreno em 10/11/2008
Reeditado em 29/03/2011
Código do texto: T1276595