ÚLTIMA NOITE DE UM GRANDE AMOR
Cerram-se fileiras de aço e carne
Aço da alma
Carne do coração
Em torno de nós
Do que seremos
Dai a pouco
Nada
Mas do que fomos
Espasmos do grande cosmos
Interstícios da suprema Imensidão
É a
Última noite de um grande amor
Pálpebras que se fecham
Ao mesmo tempo
Beijos que se dão
Em sintonia
Vozes
Ciciantes
De ternuras em breve esquecidas
Memórias de épicas noites
Que em breve
Mas não agora
Serão frias
Despidas
Vazias
Pérolas
De um mar
Que julgávamos infinito
De afectos
Mas quando demos por ela
Aquecíamo-nos
Ao lado de uma fogueira caduca e fria
De mil e uma estrelas
Que tal como ele
Se iria
Na aurora
Esgotar…
Recordações
Reservadas para fotografias
Mas não
Aquela noite
Aquela noite era nossa
E de mais ninguém
E essas memórias
Só estarão dentro de nós
Não serão
Por nada registadas
Serão o antídoto
Da tristeza
De momentos que se perderam
Como as lágrimas derramadas
Mas momentos
Que soubemos
E sentimos
Que valeram
Realmente a pena