ELA e ELE: ADEUS...
Ele percebe que os anos não perdoam...
Já não é ele, a pessoa inteira que sempre foi...
Cumpria e ela vivia satisfeita, feliz até...
Ou assim parecia...
(Ah, as aparências!
Comandam o mundo e os exército e mesmo
as condutas íntimas das pessoas...
Quantos orgasmos aparentes, dizem, pululam
mesmo deles, embora seja quase incrível!?)
Ela sente mais do que pressente que ele
já não é ele. Mas prefere percorrer
os labirintos do engano...
«Será que...»
«Talvez amanhã...»
«E se fosse culpa
minha..?»
Impensadamente, ele diz a ela,
como revelando-lhe segredo vociferante:
«Minha esposa, meu amor, minha amante,
não sou o que era. Já não posso...
Quase
não posso...
Amo-te como te amei e mais,
mas não posso...
As forças da libido
refugiaram-se em lugares tão secretos
que sou incapaz...
me sinto incapaz
de rastejar os caminhos por onde puderam
ter fugido com toda a lascívia de então
aos ombros ou acaso em carros de desejo.»
Diz ele e ela escuta
prenhe de silêncios subtis, aguçados
nos encontros desiludidos de meses e meses.
É o adeus gentil desta série de poemas quase eróticos.