As imagens

Basta-me olhar que te vês

a saber do que sei,

a gostar do que eu gosto.

És a face de cá deste espelho

que agora olho e sempre vejo

à frente de minha imagem,

essa mesma que se vê na tua.

Fotografa-me a alma e diz

quando tu foste,

quando eu fui...

e quando o meu olhar te quis

e nenhum de nós inda éramos.

Basta-me, pois, olhar em ti

para veres em mim

para onde vou,

de onde vim...

É que pus a olhar-me dentro do espelho

e outro espelho eu tinha à mão,

expondo-me do olhar ao coração,

como dois lúcidos retratos.