Eu em Ti

Eu te vi...

Refletindo teus passos

Fluíndo todas as memórias

Revendo teus percalços

E teus conceitos sobre as vitórias...

No beco dos desinteressados

Diante da fogueira que nada aquecia...

Entre os restos mortais enferrujados

Do trêm que sem rumo morria...

No meio do esterco e da palha

Meditando se existia futuro ali...

Sob terra, pó e serralha

Viu voar um colibri...

Eu te senti...

Quando olhava o mesmo horizonte

Buscando por algo perdido...

Quando frazio-lhe a fronte

Por buscar algo desconhecido...

Quando sentia teus pés te levando além

Na vontade de alcançar o impossível...

Quando caminhava para a terra de ninguém

De peito aberto ao imprevisível...

Quando paciênte a vida te avisou

Que seria mais que uma luz artificial...

Quando insatisfeito os limites derrubou

Para tornar-te filósofo comportamental...

Eu estive contigo...

Quando os olhos arderam pra chorar

A escassez mais dolorida...

Quando o coração se pôs a procurar

Um doce motivo na amarga vida...

Quando nos acertos que eram errados

Empobreciam teu ferido peito...

Quando desperto dos sonhos alados

As mãos criavam grandes feitos...

Quando os olhos brilharam na chegada

Refletindo ao fim do túnel a luz...

Quando contemplou nos olhos da amada

A estrela guia que te conduz...

Eu te vi...

Sem destino e sem face,

Sem conhecer-te...

Eu te senti...

Nas almas em enlace,

Ligados pela arte...

Eu estive contigo...

Como se já te encontrasse...

Contigo em toda parte!

São Paulo, 10 de Novembro de 2008

À aquele que sempre foi buscado...