A saudade que dói em mim
A saudade adormece atrás da porta,
no vão obscuro de um quarto
qualquer perto do cais do porto,
à espreita, silenciosa e sempre
tão presente quanto dolorida.
A saudade sorve docemente
as lágrimas que por ti verto.
Mas tu não sabes...
Não sabes que a Poetisa
de outrora relega seus versos
ao mistério das palavras
que não mais lerás.
No sorvedouro das emoções incontidas
teu nome vaga por sobre o
rascunho do desejo que aos
poucos se esvai feito o aroma
da fumaça do teu cigarro
proibido, que não mais sentirei.
Sei o quanto foi difícil
tua decisão.
Assim o disseste...
Mas ainda dóis em meu peito de
uma forma inesperada.
Teu querer por mim tornou-se
demasiado e o meu por ti
ainda queima feito o fogo
que por tantas vezes
consumiu-nos por inteiro.
Mas agora a saudade é somente
minha e preciso maturá-la
no peito o tempo que
ainda preciso for.
Mesmo que esse tempo
não seja mais o teu.