A CHEGADA DO AMOR

Chegou sem avisar e assim nem pude preparar meu coração;

Por entre a cerração, nem sei exatamente a que momento;

Ímpeto sobre as asas do vento, um imantar de intensa sedução;

Castrando o pudor da solidão, rasgando o véu do isolamento!

Chegou tal como novidade eternamente conhecida;

Como brisa enfurecida, num álibi sereno de incrível arrebentação;

Me acalentando em conturbação, tingindo entrâncias com saídas;

Flores vestidas como adagas desinibidas, pecado mais nobre que perdão!

Chegou ditando normas com seu absolutismo servidor;

Armando redes em meu interior, dormindo nas vigílias alucinantes;

Elevando meu destino aos ares dos amantes, regando minha pele com ardor;

Lábios vitimados de furor, corpos envoltos por lençóis fumegantes!

Chegou pra ser o fogo infernal de um céu açucarado;

O colossal traslado que desilude todos os receios a que alude;

Um açude de mel sexual, num ritual de desejo alucinado;

Cardápio no teu ser encadernado, enclausurada fome a fugir com atitude!

Chegou sem hora certa pra sair;

Fazendo o outono sorrir, primaverando meus avessos;

Chamando os fins de recomeços, incessando o viciado interagir;

Chegou sem vocação pra ir, e me amar num mar de eternos beijos!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 08/11/2008
Código do texto: T1273072
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