AMOR ENCENADO
Eu vejo no meu sonho de concreto, paredes de areia;
Um canto de sereia que outrora não fui capaz de discernir;
Um tolo a sorrir, enquanto a brasa da revolta lhe incendeia;
A piada da falsa candeia, um circo obscuro a me aplaudir!
Eu tento furar meus olhos, eu quis esquecer as feridas;
O engano possui muitas vidas, e todas perecem num mesmo suicídio;
Foi nesse Estado de Sítio que a paz e a fé, eu pus erguidas;
Fanfarras cantarolando ilusórias saídas, ínfimo alívio!
Eu cuspo no prato que como, porque sempre esteve vazio;
E as mortas águas desse rio, jamais se encontrarão com o mar;
Tentei me enganar, querendo aquecer meu ser no beijo gélido do frio;
Mas sempre estive por um fio, pensando ter motivos para amar!
Agora as cortinas se fecharam e o teatro finalmente terminou;
A nuvem leviana dissipou, já não esconde o céu escuro e carregado;
E um novo show será inaugurado, com a mesma atriz e outro ator;
Para a vergonha do amor, que nesses palcos foi apenas encenado!