AMOR ENCENADO

Eu vejo no meu sonho de concreto, paredes de areia;

Um canto de sereia que outrora não fui capaz de discernir;

Um tolo a sorrir, enquanto a brasa da revolta lhe incendeia;

A piada da falsa candeia, um circo obscuro a me aplaudir!

Eu tento furar meus olhos, eu quis esquecer as feridas;

O engano possui muitas vidas, e todas perecem num mesmo suicídio;

Foi nesse Estado de Sítio que a paz e a fé, eu pus erguidas;

Fanfarras cantarolando ilusórias saídas, ínfimo alívio!

Eu cuspo no prato que como, porque sempre esteve vazio;

E as mortas águas desse rio, jamais se encontrarão com o mar;

Tentei me enganar, querendo aquecer meu ser no beijo gélido do frio;

Mas sempre estive por um fio, pensando ter motivos para amar!

Agora as cortinas se fecharam e o teatro finalmente terminou;

A nuvem leviana dissipou, já não esconde o céu escuro e carregado;

E um novo show será inaugurado, com a mesma atriz e outro ator;

Para a vergonha do amor, que nesses palcos foi apenas encenado!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 05/11/2008
Código do texto: T1267706
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