Primaveras
Poesia
porque chove sem piedade
máquina de tempo, saciedade
deita aqui ao meu lado, não chora mais
noite em claro
saberei a limitação do dia
até onde vai minha agonia
afaga o que não tenho de perfeito, esquece a vida
prece amada
duas palavras entretecidas
sou aquele de todas as partidas
abre as janelas dos desejos meus, adormece
poesia
porque chove sem piedade
máquina de luz, claridade
até hoje desejei teus cabelos negros, mantilhas,
noite
a vida, o dia, meus diamantes
máquina de sons: adeus, jamais, te amo, perdoe-me
deita aqui.