AS MINHAS DÉCADAS...

Aos dez anos, criança, eu sonhava

Que o amor viria a mim um dia...

Chegaria o Príncipe Encantado.

Louro, alto, todo engalanado,

Montado em seu branco corcel

Para levar-me ao Castelo Azul dos Sonhos

Que ficaria no Céu!...

Aos vinte anos, então, eu encontrava

Dos sonhos, a metade já no chão:

Conheci o meu Príncipe, e encantada,

Deixei que escapasse à minha mão!...

Sonhava com sua volta e me entregava

Aos mistérios do amor e da paixão

Em sonhos...Mas ele não voltava!

Esperei-o em vão...

Aos trinta anos, madura, eu me deparo

Com tudo o que fui e que aqui fiz;

Dos sonhos restam só suas lembranças...

Meus filhos! E eram tudo: fui feliz

Ao tê-los comigo! As “minhas crianças”

Eram tudo aquilo que eu sempre quis!

Aos quarenta anos, novos sonhos

Quis eu sonhar: segunda chance!

- Mas vieram se somar aos desenganos...

E por mais longe que meu sonho lance,

Dessa fase ficou-me uma criança,

Que amo tanto como a seus irmãos,

Da minha maturidade, a esperança!

Mas meus sonhos de amor... Todos no chão...

Chego aos cinqüenta, o viço, a mocidade,

Perdeu-se nos caminhos... Sou mais “eu”!

Meus filhos já cresceram... E a saudade

Toma conta: eu os queria, eram “meus...”

Ledo engano, os filhos têm sua vida,

E em minha alma a saudade é dolorida...

Mas sou feliz porque cada um deles cresceu!

Na minha solidão, fui ler, cantar,

E, de repente, numa curva do caminho,

Penso meu Príncipe de novo encontrar!

Mas era apenas... a miragem

Dos sonhos que fiquei a esperar...

Chegarei aos sessenta nesta vida?

Nem sei se quero! Inda irei sonhar?...

Terei esperanças de alegria?...

Ou a morte me terá vindo buscar?...

Ainda falta um bom pedaço pra esse tempo...

Mas será que eu quero ainda esperar?...

Há gratidão pelas bênçãos alcançadas,

Mas há também um fardo a carregar:

O Príncipe que eu quis a vida inteira

Só do outro lado da vida vou achar...

ESPERANÇA
Enviado por ESPERANÇA em 05/11/2008
Código do texto: T1267008
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