No ventre da noite
É no ventre a noite que a
minha alma se dilata feito o
corpo que cai no abismo.
Na solidão que transita em
minha casa essa mesma noite
oferece seus braços em um
abraço febril que envolve
meu corpo e não afasta as
lágrimas que os olhos
insistem em verter.
Eu, uma partícula solta
no espaço, esquecida do
que é o amor me encontro
absorta no lastro de
pensamento que filtra
da emoção o que já
não sinto.
A imagem que me vem
à memória é a do mar
de sal das praias de
Ondina que sempre
procuro como antídoto
para o veneno que
bebe a minha alma.
E a noite tece a madrugada
de agora na incerteza
do dia que virá
e não sei se será meu ou
do tempo que escoa de
minha própria e
relutante vida.