IGNORADO AMOR
Quem não me toca com o carinho que necessito;
Quem não evito e mesmo assim não quer cruzar o meu caminho;
E me deixa sozinho, jamais havendo estado comigo;
E me nega abrigo, me obrigando a do relento avistar seu ninho!
Quem nunca beijo e cujo gosto inunda os lábios meus;
Quem meu amor não mereceu, mas quis lhe pertencer;
Não quer me querer, não vai lembrar do que nem esqueceu;
Que de si nada me concedeu, legando aceno a me desmerecer!
Quem não colide o seu olhar com o perceber de que existo;
Quem não persisto a procurar e mesmo assim não sai de mim;
Não é princípio e nem fim, sequer sou vírgula de seu escrito;
Pra quem não sou nem feio ou bonito, transparente ou carmesim!
Quem nem mesmo faz questão do pouco caso que ignora;
Quem no meu pranto mora e só me abraça no delirante desengano;
Que não está me amando, nem me notando por dentro ou por fora;
No amanhã assim como no outrora, ainda será quem tanto amo!