VERSOS COVARDES

Todas as minhas negações são meios de te reafirmar;

Meu modo de te ignorar, não passa de aplauso comedido;

Se digo que nem ligo, algo bem oposto afirma o meu olhar;

O que não diz o meu falar, disfarçar já não consigo!

Se te encomendo à indiferença, ela simplesmente não te recebe;

Ainda que te negue meu ato voluntário, és minha no inconsciente;

A voz da solidão me desmente, minha sede só alivia quando te bebe;

O sol é feito de neve a cada verão que tu estás ausente!

O poema que não te revela, em ti se inspira;

A felicidade que expira, foi morar no mesmo vento que te levou;

O meu sorriso é dor, saudade é flexa que me fez mira;

Quebrada corda de uma lira, é minha alma que nunca mais cantou!

Assim vou te encontrando em meus covardes versos negadores;

Vertendo sonhos detentores de uma ilusão que assume tuas formas;

Seguindo a ditadura das normas, comendo o pão dos dissabores;

Sendo um pintor divorciado das cores, vivendo de minhas sobras!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 04/11/2008
Reeditado em 21/11/2008
Código do texto: T1265644
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.