Carta a Emília IV - Nos meus Sonhos
Emília, meu amor,
Obrigado por me teres visitado esta noite.
Bem sabes que adoro passear contigo em Luanda.
O vinho que escolheste era maravilhoso.
Como é romântica a cidade quando estás comigo. A tua escolha foi perfeita quanto ao vestido preto, tão discreto quanto aquele pequeno colar de ouro que usaste. Fizeste-me sentir o homem mais feliz do mundo.
Claro que não concordamos em todos os assuntos, mas eu fingi concordar contigo só para te ver sorrir, daquela maneira que sorris quando tens razão.
Convidei-te para dançar?
Agora o teu vestido é vermelho e o teu cabelo esvoaça com a brisa que o Tejo nos traz.
É tão bom ver Lisboa daqui.
Aperto-te mais um pouco e beijo-te a face. A música segue e o poema acaba.
É tempo de voltarmos para casa. Decidimos ir a pé. Desde que vivemos em Paris gostamos de o fazer, fugindo da chuva breve do fim da primavera.
Viver na Rua Jean-Jacques Rousseau sempre foi o nosso sonho.
Amo-te, Emília, vamos correr, vamos para casa.
Até amanhã nos meus sonhos.