Revelação

Meu coração está se desfragmentando;

Sinto que cada pedacinho torna-se pó cada vez mais rápido;

A fome me deixou por completo;

Ou forço o alimento ou não me levanto;

Nem sei mais distinguir a dor do oco que faz eco em meu peito.

Tenho vontade de chorar;

Mas não tenho mais lágrimas;

A tristeza não é o melhor dos consolos;

Quero morrer;

Pois por dentro, pouco a pouco, você já está me matando.

Não quero mais acordar!;

Já há algumas semanas abrir os olhos é um suplicio;

Arrastou-me para sair da cama;

Apenas por um senso de obrigação a ser cumprida;

Nada mais!

Suas promessas não fazem eco;

Adentram um precipício sem volta;

E machucam;

Dilaceram ainda mais meus sentimentos;

Estilhaçam meu peito feito balas de canhão.

Antes de ti, achava muito fácil reconhecer uma mentira;

Hoje parece que estou surda e burra para elas;

Pelo menos para as suas;

Pois dói tanto desconfiar de quem se verdadeiramente ama;

Que volta e meio, pego me deixando ser lograda.

Sou pega pedindo aos Anjos que cortem minha respiração já tão difícil;

Tão suspensa;

Ou que surrupiem do meu peito esse órgão traiçoeiro que teima em bater por ti;

Das entranhas já me levaram a vida;

Então, o que ainda resta afinal?

Cansei da explicação me repassada por seres tão superiores;

Não há explicação plausível para continuar conectada a alguém que não me respeita;

Que parece ter prazer em humilhar-me;

Já implorei aos céus que cortem esse elo de energia kármica;

Por que a missão de ajudar alguém que não me ajuda, só me afunda?

Será que precisarei ser escravas das algemas que nos prendem etériamente?;

Já tentei de tudo;

Já tentei tanto;

Se sou obrigada a atender as leis do universo;

Por que você também não o é?

Adoraria seguir o caminho inverso;

Cortar tais laços tão etéreos;

Desafiar a eternidade;

Ser feliz ao lado de alguém que demonstre carinho e respeito por mim;

Banir-lhe para sempre do meu Universo.

Seria tão mais fácil se assim o fosse;

Se não houvesse missões a serem respeitadas além do entendimento humano;

Se todos nos cercassem e se deixassem cercar de amor e compreensão;

Sem arrependimentos;

Um verdadeiro limbo de perdão e paz.

Mas já que não posso controlar meu destino;

Quem me dera o seu;

Por favor evite me magoar tanto, caçoar tanto do que sinto;

Pois nunca lhe quis e nem lhe fiz nenhum mal;

Muito ao contrário, sempre me desdobrei e cuidei para o seu bem.

Fernanda Borges
Enviado por Fernanda Borges em 04/11/2008
Reeditado em 04/11/2008
Código do texto: T1264938
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