Quietude
Guida Linhares

Uma casa iluminada de amor
uma família unida e harmoniosa
sonhos a serem vividos.

Ciprestes dançando ao vento
celebrando a natureza
muita magia e realeza.

Pedras imponentes que se avistam
rijas e mesmo assim acolhedoras
da família amigas e protetoras.

Perceber uma união de seres
envoltos num mesmo ideal
é visão divina e celestial.

São momentos sublimes
em que a terra transmuda em céu
e tristezas fogem ao léu.

O pai e marido amoroso
que provavelmente muito querido
ama a família e a protege enternecido.

A mãe sublime cuidadora
sempre a regar e adubar contente
acarinhando tão frágil semente.

E o cãozinho é a testemunha ocular
de que ali naquele aconchego
existe muita paz e chamego.

O fogo que amigo aquece
os corações que o contemplam
acicate daqueles que o alimentam.

No desenrolar das relações multifacetadas
ao longo dos anos vividos
muitos caminhares acontecidos.

As estórias de vida se desenvolvem
ao correr do tempo dançarinas
de ilusões e mágicas divinas.

E nem sempre eternas e duradouras
nem sempre com finais felizes
que possam se tornar matrizes.

Às vezes sobram apenas fragmentos.
Da quietude emanada da imagem
percebo no esquerdo canto inferior a miragem.

E com esta pequena lembrança
observa-se que a vida passa ligeira
e dela somos apenas sutil passageira.

E muitas vezes das nossas estórias
sobram muitos sonhos libertos
de tempos em que tudo era tão certo.

Mas aceitar da vida o mel ou o fel
fortalece o ser e a alma se alimenta
da resiliência que a sustenta.

Justificativa verdadeira ou frágil
que na emoção e razão se alcança
ainda assim move-se a esperança.

De que ainda há lugar no mundo
para corações que se amam
e docemente se encontram.

E Deus sorri quando move os cordéis
e as criaturas se movimentam
sempre na fé que as sustentam.

Santos/SP/Brasil
20/03/06