Infinitamente maio
Era infinitamente maio, quando
você chegou e arrebatou
a minha alma.
Eu desatei os nós da
relutância que ainda habitava
o peito, feito um fantasma
que pede pouso e
não espera resposta.
O amor não pulou o
muro, como nos versos
de Drummond, mas
refugiou-se em algum
canto perdido
dentro de mim.
Maio enfeixava os anos
passados à margem
da solidão.
Eu esqueci o que era
o amor e não sabia
mais reconhecê-lo
em mim.
Mas era maio, infinitamente
maio, quando você chegou
e eu não mais o recebi.
Não acreditava no amor,
eu o havia exilado em
algum lugar escuro do
coração e jogado a chave
fora.