O ENCONTRO DOS AMANTES
A tarde conspirou a meu favor e assim você surgiu;
A mente voou e o corpo reagiu, tão logo avistei tua linda face branca;
Apresentou-se sedutora e franca, me dedicou menção gentil;
A intrepidez então me conduziu ao denso arrepio que ainda me alavanca!
Eu lhe falei de meus anseios e descobri afinidades com os dela;
Ela narrou suas fantasias, e percebi as nossas fortes similaridades;
Fomos a ressonância de nossas verdades, abertos portais sem sentinelas;
Como amantes sob luz de velas, como arquitetos da viabilidade!
Ali não se conteve nossa espiritual carnalidade;
Profanadores da castidade, pecadores perdidos em glutonaria;
Porque o insano desejo ali nos queria, sucumbidos de mútua necessidade;
Qual debutantes de jovem idade, qual folhas varridas na impetuosa ventania!
E tudo que falamos eternizou a brevidade daquele instante;
Cada segundo foi delirante, cada reação uma incontida promessa;
Somos o sonho que nos interessa e o proibido mais interessante;
Somos o poema dos amantes, que se escreve numa ode sem pressa!