Seu ciúme está me ferindo
O que importa a nomenclatura?
Porque criticar a obra da mais pura, inspiração.
De fato quer despedaçar meu coração.
De que vale o simbolismo racional,
De cor de pele e mero detalhe banal.
Se tão maior é o sentimento composto,
Nesses versos tortos que escrevo.
Quer ver meu fascínio descomposto,
Diga-me o que eu lhe devo?
No que minha poesia pode lhe prejudicar?
Entenda, meus sonhos são tão vastos,
Que se perdem em sua própria imensidão.
Estou cansada de esconder minha poesia,
Embaixo do meu colchão.
Não posso me anular, por sua teimosia.
O que adianta esse olhar reprovador,
Cortando meus pensamentos poéticos,
Será que não tenho direito de compor,
Os sentimentos que me diz serem patéticos.
Diga-me o que eu sou pra você?
Um bibelô empoeirado na sua estante,
A protagonista da farsa decepcionante,
Que é a nossa vida em comum.
Pense por um instante, o que você gosta?
Eu espero você elaborar uma boa resposta,
Pra tentar me convencer a ser do seu jeito.
Apesar de quê, dessa vez não vai funcionar.
Deixe que eu seja feliz a minha maneira,
Não vou mais ser a artista do seu lar.
Eu já não sou a mesma adolescente,
E já não tenho a calma que um dia tive.
Encarecida, eu lhe peço, não me prive.
De viver a intensidade do meu dom.
Eu posso até não saber, o que é bom,
Mas sei muito bem o que é ruim pra mim,
E não vou permanecer ao seu lado,
Se você continuar enciumado, me ferindo assim.