doce de brigadeiro
como se eu fosse um prêmio
me toca, um troféu eu me sinto
e quando me afaga, eu pressinto
que aquilo que quis, conquistou
o que ele mais quer, dou e gosto
e tiro proveito também,
adoro ser puta de quem
me come como uma rainha,
de alguém que diz que ele tinha
um céu de amor pra me dar,
que igual nunca foi o prazer
que comigo experimentou
mas ele jamais se lembrou
de toda me ver por inteiro
(não sou doce de brigadeiro),
de que tudo que é corriqueiro
também pode me interessar,
do dia em que o nevoeiro
me trouxe alegria ou não,
da noite em que a depressão
me fez ninar a madrugada,
da minha palavra salgada
a quem me estendeu sua mão,
querendo alguém pra ferir,
do que eu quisesse sentir
capaz de fazer-me melhor
ou até mais realizada
e ver que não é só a trepada
o que faz da noite sombria
um teto estrelado no céu
Rio, 14/10/2008