É muito bom te amar
*É muito bom te amar
É muito bom te amar.
É muito bom te ter por perto – não necessariamente perto, às vezes.
Mas é bom.
É a idéia de que eu existo, como se
o existir não fosse filosofia, fosse resposta.
É não se preocupar com clichês, com decorar palavras,
com o desprezo de quem não entende, não sente
nem ama.
É entender ainda mais a real importância de uma família, afinal,
somos e seremos uma.
É muito bom te amar.
Assim, assado, com culinária, luminária no quarto
ou na sala, falta de energia elétrica, banho demorado.
É se sentir estranho ao perceber que os postulados ditos até hoje
não nos são válidos, essas idéias do senso comum,
que não poderá ser bom senso. Eles não a tem. Eis tudo!
Sei que nos admiram, torcem por nós, mas e daí?
Somos auto-suficientes.
É muito bom te amar. Ter um sexto, um sétimo,
um oitavo sentido e todos os sentidos do mundo,
porque até os disparates mitológicos e metafísicos
serão temas da epistemologia quando comparados a
tu e eu. É ouvir aquela música e saber que uma faculdade
de música não vale nada, porque os meus ouvidos ouvem
por ti, e não tem práxis musical que absorva tal coisa.
É muito bom te amar.
É se sentir nu e à vontade numa missa de sétimo dia,
porque essas coisas são inexplicáveis e difíceis de entender.
É mergulhar no mar repleto de tubarões e se
sentir são, porque tu olhas pra mim com felicidade
e isto basta.
Quem sabe seremos, em breve, uma lenda da humanidade,
um tesouro procurado por todos os ares, mares e terras,
com um enigma arrebatador, cheio de charadas que,
certamente, serão nossas cartas, nossos lugares,
nossa história.
É muito bom te amar.
É se sentir a razão-mor que serve para o mais elementar pensamento
até o mais genial, a faísca do atrito de pedras no subsolo
de uma ilha desconhecida, até uma explosão tal qual aquela
suposta que deu origem ao tempo zero.
É se sentir um louco sendo aplaudido de pé por desvendar
o segredo da maçonaria, dos cavaleiros templários, dos
reptelianos, do calendário maia, lemúria, do triângulo
das bermudas, dos illuminates, faquires, incidente roswell,
tiahuanaco, nazca etc.
E como se não bastasse, nada disso tudo bastaria.
É que todas essas coisas fenomenais, por serem fenomenais,
não entenderiam que fenomenal, mesmo, é a tua simplicidade.
É esse sorriso que começa devagar e se torna música para o
meu corpo dançar. É um verso que começa pensando em rimar
mas não rima, porque estética não faz sentido, exceto quando
tu te achas linda e gostosa.
Sombras de árvores, o pôr-do-sol, as estrelas do céu, o frio
da noite, o orvalho, o perfume das rosas, o vestido da festa,
o sabor das frutas, a beira da praia, as ondas do mar,
o banquinho da praça...
Pra que clichês? Pra que todas essas paisagens,
passagens e coisas deslumbrantes, se eu posso dizer
que gosto mesmo é quando estou sentando no sofá da sua casa,
com a almofada sobre as pernas e tu deitas
sobre o meu colo e me abraça e me beija e me afaga e me ama?
É muito bom te amar.
Tão bom que durará para sempre.
Bugarim