AMOR DE MENINA
Na intensa transição das emoções, a linda menina queria amar;
E quando em sonho pôs-se a voar, achou o seu poeta pelos ares;
Rio de purezas com afluentes vulgares, em cada verso viu seu delirar;
Quis a menina ao poeta se doar, tal como mulher de muitos amares!
E foram deflorados seus temores pelo impacto ousado dos sonetos;
Brotaram duetos no caminho de pétalas que deixou o vencido botão;
Inebriada por debutante paixão, nele compôs seus juvenis enredos;
Até que visitou os seus segredos e engravidou de ilusões seu coração!
Trajada pelo êxtase, perante o poeta desnudou seus devaneios;
Cedendo-lhe os virgens seios, como morada de seus ímpetos fortes;
Cantarolando-lhe delirantes odes ao percorrerem mútuos desenfreios;
Noites de amor em passeios, prazer inspirador de fulminantes estrofes!
Até que a face rosa da menina, de amor chorou pela primeira vez;
O seu poeta se desfez n'algum inoportuno acróstico que o levou;
Dia a pós dia em seus versos com fervor, ela procura a esperança de um talvez;
Vencida pelo desejo sem timidez, sofrendo a saudade que lhe restou!