O beija-flor...

O beija-flor adejou na flor marcada

Pelo orvalho, tão puro, da manhã.

A flor apenas só desabrochava...

Era ainda pequena, quase um botão,

e o pássaro vendo tanto viço,

tanta vida em promessa, se acercou...

e o beija-flor... a tocou...

A flor abriu-se, depressa, engalanada,

folha por folha, toda se enfeitou...

Desabrochou: perfumou-se em sua pujança

e, apaixonada, esperou e esperou...

O sol torrou. A noite veio fria,

Amanheceu, choveu, veio o calor

E ela, inocente, espera angustiada

o beija-flor que a tocou...

Começaram a queimar-se suas folhas,

E ela, teimosa, agarrava-se no galho

que balançava, e quase já sem forças,

esperou e esperou...

Do dia, fez-se noite... e veio o orvalho

e o sol do novo dia a atormentou.

Insistente, mesmo assim ela esperava

o beija-flor... que nunca mais voltou!

E a flor se foi, efêmera e frágil,

esperando o amor que não chegou...

De sua agonia, pétalas e folhas

foram ao chão... e logo alguém pisou...

E o beija-flor, como todos os seus pares,

tendo pela frente o jardim todo,

Por que iria lembrar aquela flor??...

E dela... nem lembrança lhe ficou!...

ESPERANÇA
Enviado por ESPERANÇA em 27/10/2008
Código do texto: T1249967
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