O beija-flor...
O beija-flor adejou na flor marcada
Pelo orvalho, tão puro, da manhã.
A flor apenas só desabrochava...
Era ainda pequena, quase um botão,
e o pássaro vendo tanto viço,
tanta vida em promessa, se acercou...
e o beija-flor... a tocou...
A flor abriu-se, depressa, engalanada,
folha por folha, toda se enfeitou...
Desabrochou: perfumou-se em sua pujança
e, apaixonada, esperou e esperou...
O sol torrou. A noite veio fria,
Amanheceu, choveu, veio o calor
E ela, inocente, espera angustiada
o beija-flor que a tocou...
Começaram a queimar-se suas folhas,
E ela, teimosa, agarrava-se no galho
que balançava, e quase já sem forças,
esperou e esperou...
Do dia, fez-se noite... e veio o orvalho
e o sol do novo dia a atormentou.
Insistente, mesmo assim ela esperava
o beija-flor... que nunca mais voltou!
E a flor se foi, efêmera e frágil,
esperando o amor que não chegou...
De sua agonia, pétalas e folhas
foram ao chão... e logo alguém pisou...
E o beija-flor, como todos os seus pares,
tendo pela frente o jardim todo,
Por que iria lembrar aquela flor??...
E dela... nem lembrança lhe ficou!...