Versos melancólicos
Meus versos andam melancolicamente
mudos pelas ruas desertas da
cidade, onde sonhos são dispersos
diante da modernidade
sufocante do presente.
É como se as palavras estivessem
trajando mortalhas para o
funeral seguinte e no seu
epitáfio caíssem gotas de
um sangue de outras
vidas, de outras mortes.
A palavra que se perde no
papel reflete a incerteza
tênue que permeia a minha vida,
como a lembrança do pássaro
da noite que cortou os céus de
Castro Alves, anunciando a
partida de minha mãe
nas águas de março.
A figura feminina da morte
espreita meus dias, parecendo
o retrato da parede que
momentaneamente cria vida.
E assim meus versos
seguem mudos como se
estivessem indo para
a derradeira morada.