ÚLTIMA ESTROFE
Por que será, formosa e terna poetisa,
que a sonhar eu passo a noite a contemplá-la?
Será teu corpo que ardente me escraviza
ou este olhar encantador que me avassala?
Por que será, obra-prima emoldurada,
que o bardo a vela assim qual um tesouro?
Será tua face em diamante esculturada
ou teus cabelos escorrendo em prata e ouro?
Por que será diáfana falena,
que tu alma atrai e fascina?
Será tua pele que exala açucena,
ou teu jeito incomum de menina?
Por que será, alva estrela deste céu,
que o trovador tu pões a cantar?
Será a Musa que te habita e vaga ao léu,
ou a ternura sem fim deste olhar?
Ah! Não sei! Não sei o porquê dos por quês!
Será tudo quimera ou vida passada?
Loucura será? Ilusão? Sonhos, talvez...
Por isso atenda esta estrofe amargurada:
Escute este canto sombrio,
aqueça-me em teu regaço, cubra-me o frio...
Solta as amarras do amor, desnuda o prazer!
Vem agora nesta noite enluarada,
quero inda uma vez fazer-te amada,
beijar-te a boca e depois morrer!