Pétrea Realeza

Eu vi a pedra

Que era suave e branda

Atingir efervescente

A água tranqüila ate pousar no fundo

E o mundo

Parece que se mexeu

Os mares ficaram bravos

Submergiram ilhotas no oceano

E teu olhar que era azul

Ficou vulcânico

Meu querer que já era pagão

Enfeitiçou-se

Então preferi o exílio

Pra não ver tua face

Pra que tudo se acalmasse

E pudéssemos ser felizes

Sem o desejo escaldante

Sem essa fúria impressionante

Que só o amor desperta

Quando a pedra acerta

O telhado de vidro

E estilhaça a delicadeza

E então ficamos atônitos

Hiatos na língua portuguesa

Ilhados na correnteza

E então ficamos irônicos

Eu fingindo um desprezo oriental e

Você cada vez mais pétrea

Mais pétrea nessa realeza.

Mathias Moreno
Enviado por Mathias Moreno em 26/10/2008
Reeditado em 23/03/2011
Código do texto: T1248453