A máscara que uso
O amor, feito relíquia, foi relegado
ao fundo de uma velha gaveta,
que há muito minhas mãos não tocam.
Como o velho piano que jaz
mudo em um canto qualquer
da sala, onde apenas os olhos
tocam, pressentindo a melodia
de tempos remotos na
memória do esquecimento.
A música se perdeu na
sinfonia poética que faria,
noutros tempos menos tristes,
despertar o amor.
Escolho a máscara do narrador
para contar histórias antigas
que guardo na alma ferida.
Ele veste meus sentimentos
e dor tentando traduzir no
poema escrito a realidade
do que verdadeiramente sinto.
Mas ele, narrador, é
apenas a máscara que uso
e que não mascara a dor,
mesmo fingindo apenas ser eu.