A máscara que uso

O amor, feito relíquia, foi relegado

ao fundo de uma velha gaveta,

que há muito minhas mãos não tocam.

Como o velho piano que jaz

mudo em um canto qualquer

da sala, onde apenas os olhos

tocam, pressentindo a melodia

de tempos remotos na

memória do esquecimento.

A música se perdeu na

sinfonia poética que faria,

noutros tempos menos tristes,

despertar o amor.

Escolho a máscara do narrador

para contar histórias antigas

que guardo na alma ferida.

Ele veste meus sentimentos

e dor tentando traduzir no

poema escrito a realidade

do que verdadeiramente sinto.

Mas ele, narrador, é

apenas a máscara que uso

e que não mascara a dor,

mesmo fingindo apenas ser eu.

Rita Venâncio
Enviado por Rita Venâncio em 24/10/2008
Código do texto: T1246837
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