O Amor Ideal
Quero um amor maior;
Algo que me complete;
Repleto de alegrias e tristezas;
Desde que o contentamento sempre consiga apagar as desventuras;
Que cure as amarguras.
Não precisa ser perfeito;
Nem mesmo ideal;
Mas deve haver respeito;
Lealdade e sinceridade a qualquer parte;
Mesmo quanto por uma das partes haja despeito.
Não precisa ser mágico;
Fantástico ou coisa e tal;
Contanto que seja real;
Terno e animal;
Em toda sua singeleza.
Não quero aventuras;
Fadadas ao insucesso;
Mais nenhuma amargura;
Só o seio repleto;
De certezas maiores que as incertezas.
Quero alguém que não me faça carente;
Não me deixe doente;
Não me ponha em prantos por frustração;
Que apesar de longe da perfeição;
Não viva fazendo ares de inocente.
Nada de paixão;
Aflorada ou não no desespero;
Cheia de falsas promessas e ilusão;
Tão encantadora por seu mistério e segredo;
Mas algo duradouro e tão certo quanto à morte.
Procuro um ente conseqüente;
Porém com mente aberta;
Que não veja problemas em se aventurar comigo de vez em quando;
Que seja duro e prudente o necessário;
Tendo a alma e a consciência leve.
Sendo humano e imperfeito;
Espero que as qualidades superem os defeitos;
Para que não tentemos nos mudar todo o tempo;
Para que nos aceitemos mutuamente;
Com todos nossos erros e inseguranças.
Quero me sentir segura ;
Ao lado de pessoa tão certa;
Tomando todo o cuidado;
Para que as inseguranças e intrigas não nos ameacem ou destruam;
E sempre nos sintamos bem na presença um do outro.
Não quero me sentir engaiolada;
Nem mesmo solta demais;
Tudo em sua mediada certa;
Correto e proporcional;
Para evitar que os instintos se calem ou falem mais alto.
Quero ser consolada;
Sempre que precisar de apoio;
E poder consolá-lo;
Sempre que vier a se fragilizar;
Sem medo de se entregar ao meu colo.
Quero poder dormir embalada;
E jamais acordar me sentindo abandonada;
Conversar horas a fio;
Ou me entregar ao silêncio ao seu lado;
Desde que a presença seja sincera.
Quero alguém disposto a crescer junto;
Que não se iniba em compartilhar seus momentos especiais ou obscuros;
Que mostre firmeza em suas decisões;
Sem deixar de ser carinhoso;
A quem eu possa ajudar vencer os obstáculos e amarguras.
Quero sentir liberdade;
No abraço seguro;
No terno e apetitoso beijo;
No cheiro que acalenta;
No afã indomável.
Não quero alguém prepotente;
Intransigente ou dono da verdade;
Mas sim quem me entenda;
Ou que pelo menos tente;
Sem achar um grande sacrifício.
Quero poder dividir;
Os bons e maus momentos;
E torcer que os bons superem os ruins;
Que seja algo especial e duradouro;
Mesmo que nem sempre haja louros.
Quero nunca ser fatalista ou pessimista;
Dentro de relação racional;
Nunca permitir que tome conta o emocional;
Mesmo que para tanto pratique meditação;
Para que não tenha uma enferma exaustão.
E mesmo sendo tudo tão distante da perfeição;
Será perfeito, mágico e feliz;
Por ser real;
Por ser verdadeiro;
Por ser amor.
Estarei eternamente apaixonada;
Abobalhada;
Com pernas bambas e amedrontada;
Por tão sincera emoção;
Mas é o que desejo e pretendo viver por ser amor e não paixão.
Então suplico;
Meu Deus!;
Com tanto afã, tanto desejo, tanto empenho;
Para em que dia próximo isso aconteça;
E não me mantenha apenas na doce ilusão.
Fernanda Borges,
São Paulo, 7/03/05.