O HOMEM-VELHO

O homem-velho já não enxerga e chora

é chegada a hora de ir embora

dos olhos vazados o homem velho escorre

a lágrima que arredondou o azul do céu

O homem-velho ainda é jovem na face, na torre

do castelo abandonado guarda a tristeza

que envelheceu o coração, o homem-velho

entregou o sonho ao passarinho que virou pedra

na beira do mar cujas sereias levam embora

toda ilusão, a hora da partida é de festa

levanto um brinde das veias abertas

e a certeza de que é o amor de tal maneira imortal

que ainda que o homem-velho se desfaça no pó

do túmulo e volte às estrelas, pela amada deixa

o azul da lágrima espalhando sol e lua

aonde o vento é súplica e saudade