TEU CASTIGO

Eu sou a lança ponteaguda que fere mortalmente teus princípios;

E sou os precipícios que te induzem a saltar insanamente;

O canto da serpente que te conduz na valsa dos suplícios;

A contra-mão de teus auspícios, tua hipnose mais indecente!

Eu sou a prova que teus muros são vulneráveis;

E teus desejos mais refutáveis incorporaram os meus percursos;

A perda de teus pulsos, a ressurreição de teus pecados imperdoáveis;

Tuas grades irrecusáveis, a água predileta de teus soluços!

Eu sou o fim de teu prometido vínculo eternizado;

Teu pesadelo encarnado, adoçado pelo paladar de um sonho;

Implosão de teu castelo tristonho, teu despudor libertado;

Teu vilão amado, o herói a te desatar de laço enfadonho!

Eu detenho o monopólio de teu anseio mais imprudente;

Sou teu anelo inconsequente, o trilho sinuoso de teu perigo;

Ao teu pecado ofereço abrigo, qual regador de tua proibida semente;

Sou quem te compra e te vende, sou teu castigo!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 22/10/2008
Código do texto: T1242393
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