TEU CASTIGO
Eu sou a lança ponteaguda que fere mortalmente teus princípios;
E sou os precipícios que te induzem a saltar insanamente;
O canto da serpente que te conduz na valsa dos suplícios;
A contra-mão de teus auspícios, tua hipnose mais indecente!
Eu sou a prova que teus muros são vulneráveis;
E teus desejos mais refutáveis incorporaram os meus percursos;
A perda de teus pulsos, a ressurreição de teus pecados imperdoáveis;
Tuas grades irrecusáveis, a água predileta de teus soluços!
Eu sou o fim de teu prometido vínculo eternizado;
Teu pesadelo encarnado, adoçado pelo paladar de um sonho;
Implosão de teu castelo tristonho, teu despudor libertado;
Teu vilão amado, o herói a te desatar de laço enfadonho!
Eu detenho o monopólio de teu anseio mais imprudente;
Sou teu anelo inconsequente, o trilho sinuoso de teu perigo;
Ao teu pecado ofereço abrigo, qual regador de tua proibida semente;
Sou quem te compra e te vende, sou teu castigo!