Faltou luz...

Meu relógio de pulso

Os carros rápidos

As pessoas que andavam acompanhadas

E até mesmo as que andavam a avulso

Nenhuma delas entendeu minha pressa

Nenhuma delas entendeu Meu impulso

Eu estava ávido

Por te encontrar novamente

Pois tua suavidade

inacreditavelmente

Ainda me interessa

Mas as coisas parecem

Que nunca estão do lado da gente

Pois foi faltar luz justamente

Justamente numa hora dessas

-Fiquei então a ver navios

Fiquei pensativo

Mas nada como um dia

Após o outro

Pois não dá pra apagar

O fogo desse pavio

E não sou louco de deixar

Meu mundo em desvario

Por causa de um mal entendido

Por causa de uma tempestade

Que aumentou o curso dos rios

Que derrubou as arvores

Que tirou do céu seus tons azuis

Que mexeu com os fios

Da eletricidade...

Que resolveram nos Tirar a luz

Maldita luz

E me deixaram assim

Tão sem brio...

Entre a cruz e a espada

Entre o são Francisco

E o alto Purus...

Que me deixaram assim

Tão Pertinho do nada

Entre Cuzco e o cuscuz

Entre a calçada e o jardim

Entre a batucada...

E o cortejo fúnebre

Entre as estrelas

E um inferninho

Lá pertinho de Oswaldo cruz...

Que me deixaram assim

Mudo igual à matemática

Igual a todos os tipos de setas

Sozinho igual ao tamborim

Que só toca o ziriguidum

Se a alma estiver com a luz acessa

Se a alegria estiver com as portas abertas...

Mas Faltou luz.

faltou luz

justamente

Numa hora dessas.

Mathias Moreno
Enviado por Mathias Moreno em 21/10/2008
Reeditado em 23/03/2011
Código do texto: T1241169