QUIMERA
Pensei que você saberia
Que amar não é flor que desabrocha
É raiz que se finca sob o sol perene
Alimente a raiz e verá que a flor cresce
Mas a flor só envaidece
O amor – esse sim embrutece
Pensei que você saberia
Que amar não é o tiro certeiro
O olho no alvo
A ânsia do dedo no gatilho
É a bala perdida
De vulto sorrateiro
Desavisada
Tão incerta quanto a dor de quem passa
Não sou eu que escolho a bala perdida
Nem sou capaz da atalhá-la
Só alimento a raiz
pensando na flor
Despegado de mim
deixo a bala me acertar.
Deixo a flor nascer
abrir
e murchar.