UM AMOR DISLÉXICO
Há coisas
Nas quais
Às vezes
Sou controverso
Por viver como vivo
E tendo
Um Amor Disléxico
Nessas coisas que faço
Penso e executo
O pensamento
E a prática em verso
Com as palavras
Fora de sítio
N’
Um Amor Disléxico
Porque
Para mim
O mundo
Muitas vezes
Está fora do seu lugar
Pois adormeço
A certas horas
Nas quais me apetecia despertar
Ou então
Dormir de dia
E viver à noite
E sorver
Todos os seus mistérios
Enclausurado livremente
Nos livros que vou escrevendo
Parecendo duma forma algo leviana
Mas na realidade filha da insónia
Bem a sério
Nessa razão
Dicotómica
De trocar tudo
Quando quero exprimir
A natureza
Dos sentidos
Queria dormir
Às vezes nas trevas frias
Contigo
E aproveitar os dias
De luz
(Onde sou imune
A qualquer tentação)
Para os viver a sós
E trilhar assim
A minha estrada rumo à eternidade
Na qual te posso encontrar
Casualmente
E casualmente dizer
“Gosto de Ti
assim como és…”
Tendo receio de criar laços
Nos quais
Não tenho a certeza
De me querer enredar
Porque o Infinito
E a perenidade das coisas
Talvez só ganhe
Se cada Um
Estiver
No respectivo
E distantemente perto
Lugar…