O MAR E SEUS CORAIS

Certa manhã de raios de sol intenso

Vindos de um céu azul sem nuvens

Na beira do mar uma mulher caminhava

Incansavelmente, para lá e para cá...

O vento, como sempre indiscreto,

Trouxe-me aos ouvidos uma linda canção,

Cantada por um apaixonado coração.

Percebi que a voz que o vento me trazia

Era da mulher que solitária caminhava

E logo percebi sua indecisão...

Ora cantava uma canção

E ora cantava outra

Como se estivesse a decidir

Qual deveria cantar,

Naquela ocasião.

Fiquei encantada com o amor

Que seu semblante demonstrava.

Aquela mulher sabia amar e amava

Caminhava e cantava por que amava

Não se dava conta de mais nada.

Vez ou outra olhava para o sol

Como se ele fosse um relógio ao seu dispor

Foi quando percebi seu canto desafinar

E mesmo tendo o mar a lhe acariciar

A impiedosa tristeza chegou

Calando o seu cantar...

A partir daquele dia

Sempre que vou caminhar,

Para esquecer meus “ais”,

Procuro por ela e não a encontro mais.

Será que o mar a levou

Para cantar em seus “corais”?

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